segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Seja bem vindo

Blog igualdade e acessibilidade.


Criei esse blog na intenção de mobilizar um poucco as pessoas na questão de dificuldade para a pessoa com necessidades especiais, aqui eu preocuro descrever algumas situações que acontecem no dia a dia da pessoa com deficiência, suas dificuldades em transportes, deslocamento, falta de acessibilidade, cidade mal preparada para atender a esse público que não é um público pequeno em nosso país, também contém informações de como lhe dar com alguns tipos de deficiência a maneira de agir com cada uma delas, eu sei que isso não vai mudar o mundo, mais só em saber que eu estou contribuindo de alguma maneira isso já muda o meu mundo, pois também sou portador de necessidades especiais e sei o quanto e dificil as coisas para o nosso público.




Vou falar um pouco de mim.
Eu tenho uma doença degenerativa que veio se desenvolver depois dos meus 5 anos de idade, com 5 anos eu parei de andar, por mais que eu quise-se eu não conseguia andar para frente, fiquei enternado fiz varios exames, e nada era descoberto os médicos não conseguia chegar a um diagnóstico, é assim foi até os meus 10 anos de idade, minha mãe e cristão e sempre me levou a igreja com ela aos domingos pois não há nada impossivel para DEUS, eu sempre preocuro estar na casa do Senhor pelomenos aos domingos para agradecer tudo aquilo de bom que ele fez e tem feito em minha vida, mais foi num campo de barro em frente a minha casa e também com a minha fé em DEUS, aonda eu comecei a me desenvolver novamente, eu sempre ficava sentado no portão de casa olhando os amigos jogando bola no campo, um certo dia meu pai  me pegou e me colocou em pe lá junto com eles, nesse empolgação toda eu com os movimentos dos braços comecei a ganhar o movimento da cintura e também comecei a dar alguns passos para frente e ali eu comecei a andar novamente, desde então eu comecei a praticar atividades fisicas como natação, futebol, e musculação, a cerca de uns 7 anos atrás um medico conseguiu um diagnóstico para minha doença é uma doença rara chamada Coreia de Huntington, então eu comecei o tramento com médicamentos e exercícios e futebol, natação, isso fez com que esse doença estaciona-se então já tem uns 4 anos que ela não tem nenhuma regreção, fiquei com algumas dificuldades para andar faço uso de muletas, fiquei com um encurtamento na perna direita, tenho artrose e iperlordose na coluna lombar, tem dificuldade na coordenação motora, dificuldade na escrita fina de textos, mais isso não me impediu em nada na minha vida pois quando há força de vontade determinação e DEUS no coração nada e impossivel basta você acreditar na sua capacidade e ter bastante fé em DEUS.
Só tenho uma coisa a dizer seja feliz a sua maneira pois não há nada melhor do que estar-mos em paz com nós mesmo. "Viva e deixe viver"
José Mario Martins dos Santos LIma Grande Sorriso  Selvagem  Envergonhado

Câncer de Próstata

Seus Sitomas, Prevenções e Tratamentos.


INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES

O câncer de próstata é a neoplasia maligna mais frequente no homem. Estima-se que mais de 140.000 homens tenham a doença diagnosticada por ano no Brasil, e mais de 20.000 homens irão morrer anualmente em decorrência direta da patologia. Houve um aumento significativo na detecção da patologia em decorrência do uso rotineiro do PSA (antígeno específico da próstata) na avaliação urológica. A incidência do câncer de próstata varia geograficamente, com áreas de maior ou menor prevalência. Sabe-se que países escandinavos e o Canadá apresentam a maior incidência mundial da patologia, enquanto países do extremo oriente têm incidência de câncer de próstata significativamente menor. O Brasil apresenta incidência intermediária, que inclusive varia de acordo com a região e as condições socioeconômicas do local.
O adenocarcinoma é o tipo histológico mais frequentemente encontrado e representa mais de 95% dos casos de câncer de próstata. Os demais tipos histológicos são os sarcomas, o carcinoma epidermoide e o carcinoma de células transicionais.
Como o câncer de próstata é uma patologia heterogênea e o mesmo tumor pode apresentar regiões de maior e menor diferenciação celular, foi proposta por Gleason uma classificação que leva em conta o padrão glandular e a relação entre glândulas e estroma prostático. No sistema de Gleason, os tumores são classificados de acordo com a diferenciação celular de 1 a 5, sendo grau 1 o mais bem diferenciado e grau 5, o mais indiferenciado. O escore final de Gleason é dado pela soma dos graus do padrão primário (predominante) e secundário (segundo grau histológico mais comum). Dessa forma, as neoplasias mais bem diferenciadas seriam escore 2 (1+1) e as mais indiferenciadas 10 (5+5). Os tumores com escores 2 a 4 são bem diferenciados, os de 5 a 7 são moderadamente diferenciados e os de 8 a 10 são tumores indiferenciados. Em termos práticos, raramente há neoplasias escore 2, 3, 4 e 10 no momento do diagnóstico.
Quando se leva em conta a classificação de Gleason, a sobrevida após 15 anos de tratamento é de 80, 40 e 10% para os pacientes com tumores escores 2 a 4, 5 a 7 e 8 a 10, respectivamente. Outros fatores envolvidos na evolução dos pacientes são a extensão local da doença, o volume da lesão primária e o estádio clínico, este definido pelo sistema TNM (Tabela 1). A disseminação do câncer de próstata se faz por via linfática (para os gânglios ilíacos e obturatórios) e hematogênica (principalmente para os ossos da coluna, bacia, crânio e costelas) (Figura 1).

Tabela 1: Estadiamento do câncer de próstata
TNMDefinição
T0Sem evidência de tumor prostático
T1aTumor não palpável, < 5% do tecido ressecado na ressecção transuretral
T1bTumor não palpável, > 5% do tecido ressecado na ressecção transuretral
T1cTumor não palpável, PSA alterado
T2aNódulo < meio lobo
T2bNódulo > meio lobo
T2cNódulo bilateral
T3aExtensão extraprostática mínima
T3bInvasão do colo vesical
T3cInvasão de vesículas seminais
T4Invasão de parede pélvica e/ou bexiga
N0Sem metástases em linfonodos
N1Metástases em linfonodos regionais
M0Sem metástases sistêmicas
M1Metástases sistêmicas
M1aLinfonodo(s) não regional(ais)
M1bOsso(s)
M1cOutra(s) localização(ões)

Figura 1: Metástases ósseas disseminadas (A), pulmonares tipo asa de borboleta (B) e metástases ósseas pélvicas (C) em paciente com adenocarcinoma de próstata avançado.

 
    
A                                    B                                      C

ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA

A etiologia do câncer de próstata não é totalmente conhecida. Sabe-se que os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença são a presença de testosterona e a idade. Além disso, dieta rica em gorduras e herança genética são fatores de risco secundários aceitos na etiologia do tumor. Sabe-se também que homens com parentes diretos portadores de câncer de próstata têm risco maior de desenvolver a doença. Esse risco é 2, 4 e 10 vezes maior que o da população geral quando 1, 2 ou 3 parentes diretos são portadores, respectivamente. Outro fator que corrobora a hereditariedade como fator de risco é a presença de genes sabidamente envolvidos no adenocarcinoma de próstata familiar. Por exemplo, o HPC1 (hereditary prostate cancer 1) é um proto-oncogene encontrado no braço longo do cromossomo 1 envolvido no câncer de próstata familiar. Especula-se o envolvimento de outros fatores no desenvolvimento do câncer de próstata, como vasectomia, atividade sexual e ingesta de licopenos, mas nenhum destes teve influência comprovada.
A história natural do tumor de próstata é relativamente imprevisível, com casos que evoluem rapidamente para doença metastática, apesar do tratamento, e casos de evolução lenta e indolente que raramente produzem metástases. Felizmente, a maioria dos pacientes apresenta evolução lenta, permitindo que o tratamento, mesmo sem intenção curativa, possa controlar a doença com sucesso em grande parte dos casos. Apesar dessa imprevisibilidade, alguns parâmetros podem ser utilizados para se definir o prognóstico dos pacientes. São eles:

  1. Estádio inicial: pacientes com estádios T1 e T2 apresentam grande possibilidade de cura definitiva após tratamento local. Os que apresentam estádio T3 têm menor índice de cura e aqueles com estádios T4, N1 ou M1 apresentam cura virtualmente inexistente.
  2. Valor de PSA: os níveis séricos de PSA normalmente relacionam-se com extensão e estadiamento da doença. Consequentemente, na maioria dos casos, quanto maior o PSA, pior o prognóstico. Sabe-se que pacientes com PSA maior que 20 ng/mL têm grande chance de apresentar doença extraprostática, enquanto aqueles com PSA maior que 100 ng/mL praticamente quase sempre apresentam doença metastática.
  3. Grau de Gleason: pacientes com Gleason 8 a 10 apresentam doença pouco diferenciada e agressiva e, portanto, têm pior prognóstico.
  4. Volume de neoplasia: quando o volume tumoral é menor que 3 cm3, os pacientes normalmente apresentam doença localizada e quase sempre são curados com o tratamento local. Por outro lado, 80% dos pacientes com volume tumoral maior que 12 cm3 apresentam metástases linfonodais ou ósseas.

DIAGNÓSTICO E SINTOMAS DO CÂNCER DE PRÓSTATA

O rastreamento do câncer de próstata deve ser feito anualmente em todo homem acima de 45 anos de idade sem história familiar e a partir dos 40 anos quando existem antecedentes familiares da doença. Com o rastreamento do câncer de próstata, o diagnóstico passou a ser feito em homens quase sempre assintomáticos e que apresentam doença localizada. O diagnóstico definitivo é feito por biópsia transretal de próstata, frequentemente realizada sob narcose e guiada por ultrassonografia transretal.
Os fatores que potencialmente indicam a biópsia são, de uma forma simplificada, alterações no toque retal, elevação de PSA ou ambos. O toque retal apresenta sensibilidade de cerca de 60% na detecção de tumores de próstata, enquanto o PSA apresenta sensibilidade de 70 a 90%. Do ponto de vista prático, pacientes com toque retal alterado, PSA maior que 4 ng/mL ou ambos devem ser submetidos a biópsia prostática. Entretanto, nessas situações, até 70% dos pacientes apresentam resultado negativo na biópsia, uma vez que elevações de PSA e alterações de toque retal são encontradas em diversas patologias benignas.
Na tentativa de melhorar a sensibilidade diagnóstica e evitar biópsias desnecessárias, foram introduzidos os conceitos de relação entre PSA livre e PSA total e velocidade de PSA. A relação PSA livre sobre PSA total sugere hiperplasia benigna quando é maior que 25% e tumor maligno quando é menor que 15%. Valores entre 15 e 25% são intermediários e não permitem conclusão objetiva. O conceito de velocidade de PSA envolve a elevação dos níveis de PSA no sangue por ano. Quando o PSA total sobe mais que 50% em 1 ano, existe maior possibilidade de tumor maligno. Entretanto, elevações abruptas de PSA em pacientes antes assintomáticos que passam a apresentar sintomas miccionais sugerem processos infecciosos/inflamatórios, como prostatites. Estes são tratados com antibioticoterapia empírica prolongada com quinolonas e controle dos níveis de PSA e, nesses casos, espera-se que o PSA permaneça elevado por até 2 meses e depois retorne aos níveis encontrados antes do processo agudo.
Conforme dito anteriomente, a maioria dos pacientes com câncer de próstata é assintomática, uma vez que o diagnóstico é feito principalmente após elevação dos níveis séricos de PSA, alteração no toque retal ou ambos. Pacientes portadores de tumores localmente avançados costumam apresentar-se com manifestações decorrentes de obstrução infravesical, por exemplo nictúria, jato miccional fraco, sensação de esvaziamento incompleto, polaciúria e urgência miccional.Pode haver hemospermia na apresentação inicial da patologia, e cerca de 15 a 25% dos pacientes com doença localmente avançada apresentam hematúria macroscópica, geralmente decorrente de invasão do trígono vesical. A retenção urinária aguda em paciente previamente assintomático pode ser decorrente de câncer de próstata, uma vez que casos de hiperplasia benigna cursam com sintomas obstrutivos progressivos.
Pacientes com câncer de próstata avançado costumam apresentar dores ósseas (decorrente de metástases no eixo ósseo axial), perda de peso, anemia, adenopatia cervical e inguinal, uremia e edema de membros inferiores quando existe prejuízo do fluxo linfático e vascular.
O diagnóstico de câncer de próstata é anatomopatológico. Na maioria dos casos, a biópsia é pedida por alterações de PSA, toque retal ou ambos, e a caracterização do tumor é feita de acordo com a classificação de Gleason (ver acima). Em alguns casos, o diagnóstico é feito durante a análise patológica de fragmentos derivados de ressecção transuretral de próstata. Nesses casos, a classificação e o estadiamento são feitos da mesma forma que para os pacientes submetidos à biópsia dirigida.

EXAMES COMPLEMENTARES

Exames Laboratoriais e PSA no diagnóstico do câncer de próstata

Os exames laboratoriais solicitados para pacientes com neoplasia de próstata visam ao estadiamento da doença. Essa avaliação é feita por meio de dosagens de PSA e fosfatases ácida e alcalina. O PSA é proporcional ao volume tumoral, o que faz com que os pacientes com tumores localizados tenham, na grande maioria dos casos, níveis de PSA menores que 20 ng/mL. Pacientes com tumores localmente avançados ou tumores de zona de transição prostática (mais raros) apresentam valores de PSA mais elevados. Níveis de PSA maiores que 100 ng/mL geralmente significam doença avançada com metástases à distância. A elevação de fosfatase ácida sugere doença avançada, enquanto que elevação de fosfatase alcalina sugere a presença de metástases ósseas.

Mapeamento Ósseo

A cintilografia óssea com fosfato de tecnécio tem por objetivo a pesquisa de lesões metastáticas. Apresenta alta sensibilidade e pouca especificidade, uma vez que doenças benignas como artrose, quadros degenerativos, fraturas ou traumas antigos e infecções podem produzir resultados falso-positivos. As lesões aparecem sob forma de áreas hipercaptantes e assimétricas, podendo acometer ossos de todo esqueleto, embora os mais comumente envolvidos sejam os ossos da coluna, bacia, costelas e fêmur (Figura 2). As lesões na cintilografia podem anteceder em até 6 meses o seu aparecimento radiológico e lesões duvidosas são investigadas com ressonância magnética, sendo a biópsia indicada nos casos de fácil acesso com dúvida diagnóstica.

Figura 2: Metástases ósseas de coluna toracolombar (A) e pélvicas (B).

 
         
A                                                            B

Ressonância Nuclear Magnética (RNM) da Pelve

A ressonância magnética da pelve utilizando bobina endorretal permite melhor estadiamento local e o delineamento da lesão primária (Figura 3). Pode ser utilizada para estadiamento local da doença, principalmente nos casos em que a preservação do feixe vasculonervoso é planejada, no sentido de manter a potência e a continência. A RNM da pelve permite uma análise espectroscópica metabólica da próstata e pode ser utilizada nos casos de suspeita clínica de tumor quando biópsias prévias foram negativas, visando ao direcionamento de futuras amostras a áreas da próstata que apresentam metabolismo sugestivo de malignidade à espectroscopia.

Figura 3: Ressonância magnética de próstata com bobina endorretal mostrando invasão capsular (setas cheias) por tumor (T) localmente avançado (setas vazias).

 



DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

No diagnóstico diferencial do câncer de próstata, entram as patologias que determinam elevação de PSA e/ou alteração de toque retal. As principais são hiperplasia prostática benigna (HPB) e prostatite crônica. Outras patologias menos comuns são a hiperplasia de pequenos ácinos, a hiperplasia pós-atrófica e a neoplasia intraepitelial de alto grau (PIN). Esta não é considerada doença maligna, mas aparentemente está relacionada ao câncer de próstata e, em geral, indica-se repetição da biópsia em 6 meses.

TRATAMENTO DO CÂNCER DE PRÓSTATA

As decisões envolvendo o tratamento de pacientes com câncer de próstata levam em conta muitas variáveis, tanto do ponto de vista oncológico quanto social, clínico/laboratorial e de expectativa de vida. Para o planejamento do tratamento do câncer de próstata, deve-se levar em consideração características da doença como extensão local, presença de metástases ganglionares e à distância e o grau de Gleason. O objetivo do tratamento em pacientes com doença localizada é a cura, que pode ser alcançada por meio de cirurgia ou radioterapia. Já portadores de doença localmente avançada apresentam índices de cura muito inferiores. Nesses casos, a paliação dos sintomas e a prevenção de complicações são os objetivos principais do tratamento, que é realizado em geral com técnica combinada de radioterapia/cirurgia associados à hormonioterapia. Da mesma forma, pacientes com doença metastática são tratados com hormonioterapia para controle temporário da doença e paliação dos sintomas a ela relacionados. O grau histológico do tumor deve ser levado em conta no tratamento do câncer de próstata, uma vez que tumores com grau de Gleason menor que 7 (bem diferenciados) tendem a apresentar comportamento indolente e podem ser tratados de forma menos agressiva, enquanto que tumores com grau de Gleason maior que 8 (pouco diferenciados) são normalmente agressivos e costumam apresentar prognóstico ruim, apesar do tratamento. Nesses casos, justifica-se a abordagem combinada com cirurgia, radioterapia e hormonioterapia.
De igual importância na tomada de decisões sobre o tratamento do câncer de próstata são as condições clínicas do paciente. Por exemplo, indivíduos que apresentam níveis de PSA baixos, tumores localizados, grau de Gleason menor que 7 e que apresentam comorbidades que limitam a expectativa de vida para menos de 10 anos podem ser tratados de forma menos agressiva ou até não tratados, dependendo da severidade dessas comorbidades e da preferência do paciente e da família.

Tratamento do Câncer de Próstata Localizado

De forma geral, o tratamento do câncer de próstata localizado pode ser eficientemente realizado por meio de cirurgia radical ou radioterapia. Muita controvérsia existe sobre qual dos métodos oferece os melhores resultados, tanto em termos de cura quanto em qualidade de vida e complicações. Evidentemente, cada um dos métodos apresenta vantagens e desvantagens e, conforme já mencionado, cada paciente deve ser manejado de acordo com suas características clínico/oncológicas e preferência pessoal. Evidências apontam que o valor terapêutico da cirurgia radical é significativamente maior que o da radioterapia e atualmente a cirurgia é considerada o padrão-ouro no tratamento do câncer de próstata localizado. A superioridade da cirurgia é descrita após longo tempo de acompanhamento (mais de 15 anos). Além disso, a radioterapia pode deixar focos microscópicos de neoplasia na próstata e biópsias realizadas 2 anos após o tratamento mostram doença viável em até 70% dos casos.
A cirurgia para o tratamento do câncer de próstata localizado é a prostatectomia radical associada à linfadenectomia ilíaco-obturatória bilateral (Figura 4). No procedimento, são ressecadas a próstata, as vesículas seminais e os gânglios pélvicos da cadeia referida acima. A prostatectomia radical pode ser realizada por via perineal ou suprapúbica, sendo esta a via mais realizada atualmente. Para o controle oncológico dos pacientes submetidos à cirurgia radical, utiliza-se a dosagem seriada de PSA a partir do 2º mês pós-operatório. O critério de cura mais aceito atualmente é a negativação dos valores de PSA já na primeira dosagem de controle. Estudos recentes (que juntos contam com mais de 2.000 homens operados) mostraram que nenhum paciente apresentou recidiva clínica na ausência da recidiva bioquímica de PSA. Por outro lado, quando o PSA se elevou no pós-operatório, até 68% dos pacientes apresentaram doença clínica num seguimento médio de 19 meses. Os resultados da prostatectomia radical em termos de controle do câncer de próstata mostram sobrevida livre de doença de até 75% e sobrevida câncer-específica de até 90% após 15 anos de seguimento.

Figura 4: Aspectos intraoperatórios da prostatectomia radical. O painel esquerdo superior mostra a dissecção do plexo venoso dorsal do pênis, um dos passos com maior risco de sangramento durante o procedimento. O superior direito mostra a secção da uretra e o coto uretral, que será posteriormente anastomosado na bexiga com sutura separada (painel inferior direito). O painel inferior esquerdo mostra a dissecção do plano entre a próstata e a bexiga.

 

Apesar de a cirurgia ser atualmente um procedimento seguro e de técnica muito bem padronizada, não é isenta de complicações, tanto precoces quanto tardias. As precoces são relacionadas diretamente ao procedimento cirúrgico e envolvem infecções de ferida, sangramento intra e pós-operatório e tromboflebites. As complicações urológicas mais comuns relacionadas à prostatectomia radical são a impotência e a incontinência urinária. A incontinência ocorre em 2 a 10% dos pacientes e a impotência varia de 30 a 60%. Essa grande variação na incidência de ambas decorre de aspectos oncológicos, da técnica cirúrgica empregada e das condições clínicas do paciente, como idade, atividade sexual e sintomatologia urinária antes do tratamento.
A radioterapia para o controle do câncer de próstata localizado apresenta taxas de cura próximas às da cirurgia radical exclusivamente quando as técnicas mais recentes, como a radioterapia externa tridimensional, o escalonamento de dose e a injeção de sementes radioativas no tecido prostático (braquiterapia), são empregadas. O sucesso oncológico da radioterapia no controle do câncer de próstata localizado depende da casuística analisada e da técnica utilizada, mas, em termos gerais, varia de 50 a 90% em 5 anos, quando considera-se a sobrevida livre de doença. As complicações mais frequentes relacionadas à radioterapia são: piora dos sintomas miccionais (sobretudo em pacientes já previamente sintomáticos), impotência e reações actínicas no reto e na bexiga, que, muitas vezes, são de difícil controle e prejudicam significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Felizmente, a retite e a cistite actínicas têm ocorrido em um número cada vez menor de doentes em virtude do refinamento das técnicas atuais de radioterapia.
Da mesma forma que na cirurgia, o acompanhamento oncológico dos pacientes após a radioterapia é realizado com dosagens seriadas de PSA. Espera-se que o PSA baixe a níveis indetectáveis 2 meses após a cirurgia e que permaneça assim no acompanhamento pós-operatório tardio. Quando existe elevação pós-operatória do PSA acima de 0,2 ng/mL, considera-se que houve recidiva bioquímica da doença. Nesse caso, a maioria dos pacientes apresentará doença clínica após 6 a 8 anos se não tratados de forma adjuvante. Já pacientes tratados com qualquer modalidade de radioterapia raramente apresentam negativação do PSA. Pelo contrário, o PSA normalmente se mantém detectável pela permanência da próstata e, inicialmente, ocorre elevação de seus níveis após o tratamento local. A redução do PSA após a radioterpia só acontece meses após o procedimento. Ainda existe muita controvérsia em relação aos níveis de PSA que definem cura para pacientes tratados com radioterapia. Considera-se atualmente como recidiva da doença três subidas consecutivas nos valores de PSA a partir do nadir (valor mínimo) atingido após o tratamento.

Tratamento do Câncer de Próstata Localmente Avançado

O câncer de próstata é considerado localmente avançado quando há extensão além dos limites da próstata (T3a), quando o tumor invade as vesículas seminais (T3b) ou quando invade reto, bexiga ou tecidos adjacentes (T4). Da mesma forma, pode-se incluir como portadores de doença localmente avançada os pacientes que apresentam gânglios pélvicos comprometidos (N1-3). Apesar do diagnóstico de extensão local ser feito radiologicamente ou após biópsia/cirurgia, o estadiamento multimodal (estádio tumoral, valor de PSA e grau de Gleason) é um importante método de identificação de pacientes com alto risco para doença avançada. O tratamento locorregional desses pacientes por meio de cirurgia ou radioterapia exclusivos não tem apresentado resultados animadores em termos de sobrevida livre de doença nem de sobrevida global, com a maioria dos pacientes apresentando metástases após 10 anos de acompanhamento. Por isso, o tratamento atualmente considerado como padrão-ouro envolve a utilização de bloqueio androgênico associado à radioterapia. Os pacientes submetidos à cirurgia radical por tumor localizado que eventualmente apresentem recidiva local da doença são manejados com radioterapia adjuvante (ou de salvamento), sendo a hormonioterapia reservada para casos de falha da radioterapia de salvamento ou para pacientes com doença metastática.

Tratamento do Câncer de Próstata Disseminado (Fase Hormônio-dependente)

A dependência hormonal do câncer de próstata foi estabelecida há quase 50 anos em estudos experimentais que renderam a Huggins o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia. Desde então, a dependência hormonal tornou-se a base do tratamento dos tumores metastáticos e, atualmente, o padrão-ouro no tratamento do câncer disseminado de próstata é o bloqueio androgênico.
A hormonioterapia utilizada em pacientes com doença localmente avançada ou metastática pode ser realizada cirúrgica ou farmacologicamente:

  1. Orquiectomia bilateral: é o método mais barato, apresenta fácil realização e tem como desvantagem a irreversibilidade.
  2. Análogos de LHRH (goserelina e leuprolida): método igualmente eficaz, baseado no bloqueio da secreção hipofisária de LH e FSH. A utilização dos análogos não induz ginecomastia ou complicações cardiovasculares e é reversível. Entretanto, é o método mais caro e deve ser empregado apenas associado à utilização temporária de antiandrógenos, uma vez que pode haver exacerbação dos sintomas por aumento transitório da testosterona na fase inicial do tratamento.
  3. Estrogenioterapia (dietilestilbestrol): método também eficaz e barato, relacionado a efeitos colaterais como ginecomastia e fenômenos tromboembólicos. Por esses efeitos, a sua indicação ficou bastante restrita na última década. Deve ser precedido de radioterapia mamária ou tamoxifeno e associado a droga antitrombótica, como o ácido acetilsalicílico.
  4. Antiandrógenos (bicalutamida, flutamida, ciproterona e megestrol): os antiandrógenos atuam na inibição competitiva da testosterona em nível periférico e apresentam a menor eficiência em termos de bloqueio androgênico. Como não causam redução dos níveis de testosterona, podem ser utilizados em pacientes que desejam manter a libido e a vida sexual. Os principais efeitos colaterais dos antiandrógenos são a ginecomastia e a toxicidade hepática. Portanto, os pacientes devem ser submetidos a irradiação preventiva nas mamas ou administração de tamoxifeno e a controle rigoroso de função hepática.

Atualmente, consideram-se algumas alternativas para a monoterapia no tratamento do câncer de próstata metastático. Foi introduzido o conceito de bloqueio hormonal total, que consiste na associação entre análogos de LHRH (ou orquiectomia bilateral) e antiandrógenos periféricos e tem como racional o bloqueio da testosterona produzida nas adrenais. Essa modalidade de tratamento apresenta resultados duvidosos em termos de melhora de sobrevida, à custa de um aumento na incidência de efeitos colaterais. Deve, portanto, ser empregada no momento da falha do bloqueio realizado com monoterapia. Outro conceito introduzido no tratamento do câncer de próstata metastático é a terapêutica intermitente, que consiste no bloqueio hormonal farmacológico por 6 a 8 meses, seguido da interrupção deste até nova elevação de PSA. O racional dessa modalidade é a competição intratumoral entre as populações celulares hormônio-dependentes e hormônio-independentes, que impede a proliferação das células hormônio-independentes e mantém o tumor sensível ao bloqueio androgênico.

Tratamento do Câncer de Próstata Disseminado Hormônio-independente

A maioria dos pacientes com câncer de próstata metastático responde ao bloqueio hormonal por um período que pode variar de meses a anos. Na fase em que existe progressão da doença (normalmente diagnosticada pela elevação de PSA), apesar do bloqueio androgênico, as células adquirem autonomia e proliferam-se mesmo na ausência da testosterona. Nesse momento, o objetivo do tratamento é o controle dos sintomas com o menor índice de efeitos colaterais possível. As modalidades de tratamento mais utilizadas são o bloqueio hormonal total, a hormonioterapia de segunda linha (com drogas que agem em outros receptores de testosterona em nível celular) e a quimioterapia, baseada em mitoxantrona e corticoterapia. A eficácia dessas modalidades é pequena e a resposta é pouco duradoura, quando ocorre. Nessa fase da patologia, pode-se usar radioterapia para a paliação das dores ósseas decorrentes das metástases e drogas analgésicas de ação central.

TÓPICOS IMPORTANTES

      O câncer de próstata é a neoplasia maligna mais frequente no homem e o adenocarcinoma é o tipo histológico encontrado em mais de 95% dos casos.
      A pesquisa do câncer de próstata é realizada por dosagens de PSA e toque retal, sempre de forma associada. O PSA é o método mais sensível e é considerado normal quando menor que 4 ng/mL. A velocidade de PSA e a relação PSA livre/PSA total são métodos usados para melhorar a sensibilidade e a especificidade do PSA na detecção do câncer de próstata.
      O diagnóstico definitivo do câncer de próstata deve ser feito por meio de biópsia transretal guiada por ultrassonografia, realizada sob narcose e seguida de avaliação anatomopatológica dos fragmentos. O adenocarcinoma de próstata é classificado de acordo com o grau de Gleason, que leva em conta os dois tipos histológicos mais frequentes e varia de 2 a 10 (sendo 2 o mais diferenciado e 10 o mais indiferenciado).
      O estadiamento da doença deve ser realizado por meio do toque retal, do PSA e da cintilografia óssea (principalmente em casos com PSA > 10 ng/mL ou com Gleason maior que 7).
      O padrão-ouro no tratamento do câncer de próstata localizado é a prostatectomia radical, que tem intenção curativa em até 80% dos pacientes. As opções são a radioterapia externa conformacional e a braquiterapia, ambas com resultados inferiores a longo prazo quando comparadas à cirurgia radical. O acompanhamento pós-tratamento deve ser feito com dosagens seriadas de PSA.
      Pacientes com recidiva após o tratamento local apresentam índices de cura muito pequenos, enquanto aqueles que se apresentam ao diagnóstico com tumores localmente avançados ou metastáticos são incuráveis e devem ser tratados de forma paliativa com objetivo de controle de sintomas.

ALGORITMO - diagnóstico e tratamento do câncer de próstata

Algoritmo 1: Abordagem diagnóstica e terapêutica do câncer de próstata.

 
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BIBLIOGRAFIA

Adaptado, com autorização, do livro Clínica Médica: dos Sinais e Sintomas ao Diagnóstico e Tratamento. Barueri: Manole, 2007.

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Câncer de Mama

Seus Sitomas, Prevenções e Tratamentos.

Câncer de mama


Definição

O câncer de mama é um câncer que começa no tecido mamário.
Foto: ADAM
A mama feminina é uma das duas glândulas mamárias (órgãos responsáveis pela secreção do leite) no tórax
Existem dois tipos principais de câncer de mama:
  • O carcinoma ductal começa nos canais (ductos) que conduzem o leito da mama para o mamilo. A maioria dos casos de câncer de mama é deste tipo
  • O carcinoma lobular inicia em partes da mama, denominadas lóbulos, que produzem o leite
Em casos raros, o câncer de mama pode começar em outras regiões da mama.
O câncer de mama pode ser invasivo ou não invasivo. Invasivo significa que o câncer atingiu outros tecidos. Não invasivo significa que ele ainda não se espalhou. O câncer de mama não invasivo é também chamado de "in situ".
  • O carcinoma ductal in situ (CDIS), ou carcinoma intraductal, é o câncer de mama na mucosa dos ductos de leite que ainda não invadiu os tecidos ao seu redor. Ele pode se transformar em um câncer invasivo se não for tratado
  • O carcinoma lobular in situ (CLIS) é um indicador de risco maior de câncer invasivo na mesma mama ou nas duas mamas
Muitos casos de câncer de mama são sensíveis ao hormônio estrogênio. Isso significa que o estrogênio faz o tumor do câncer de mama crescer. Esses cânceres possuem receptores de estrogênio na superfície de suas células. Eles recebem o nome de câncer receptor de estrogênio positivo ou câncer com RE positivo.
Algumas mulheres apresentam câncer de mama HER2 positivo. HER2 se refere a um gene que ajuda as células a crescerem, dividirem-se e curarem-se sozinhas. Quando as células apresentam muitas cópias deste gene, as células, inclusive as células cancerosas, crescem mais rápido.
Os especialistas acreditam que as mulheres com câncer de mama HER2 positivo apresentam uma doença mais agressiva e um risco maior de recorrência do que as mulheres que não têm esse tipo.

Nomes alternativos

Câncer - mama; carcinoma - ductal; carcinoma - lobular; CDIS; CLIS; câncer de mama HER2 positivo; câncer de mama RE positivo; carcinoma ductal in situ; carcinoma lobular in situ

Causas, incidência e fatores de risco

Durante o curso de uma vida inteira, uma em cada oito mulheres será diagnosticada com câncer de mama.
Fatores de risco que não podem ser alterados:
  • Idade e sexo - Seu risco de desenvolver câncer de mama aumenta conforme a idade. A maioria dos casos de câncer de mama avançado ocorre em mulheres com mais de 50 anos. As mulheres têm 100 vezes mais probabilidade de desenvolver câncer de mama do que os homens
  • Histórico familiar de câncer de mama - Você também pode apresentar maior risco de câncer de mama se tiver um familiar próximo que teve câncer de mama, de útero, de ovários ou de cólon. Cerca de 20 a 30% das mulheres com câncer de mama possuem histórico familiar da doença
  • Genes - Algumas pessoas têm genes que geram uma propensão maior ao desenvolvimento do câncer de mama. Os defeitos genéticos mais comuns são encontrados nos genes BRCA1 e BRCA2. Esses genes normalmente produzem proteínas que protegem você contra o câncer. Mas se o seu pai ou a sua mãe passar para você o gene defeituoso, o risco de desenvolver câncer de mama aumenta. As mulheres com um desses defeitos têm até 80% de chance de desenvolver câncer de mama em algum momento da vida
  • Ciclo menstrual - As mulheres que tiveram a primeira menstruação muito cedo (antes dos 12 anos) ou que passaram pela menopausa muito tarde (depois dos 55) apresentam um risco maior de câncer de mama
Outros fatores de risco:
  • Abuso de álcool - Beber mais do que um ou dois copos de álcool por dia pode aumentar o risco de câncer de mama
  • Parto - As mulheres que nunca tiveram filhos ou que só tiveram após os 30 anos têm mais risco de câncer de mama. Engravidar cedo ou mais de uma vez diminui o risco de câncer de mama
  • DES - As mulheres que tomaram dietilestilbestrol (DES) para evitar aborto espontâneo podem ter mais chance de desenvolver câncer de mama depois dos 40 anos. Esse medicamento era indicado para as mulheres entre as décadas de 1940 e 1960
  • Terapia de reposição hormonal (TRH) - Você tem mais chance de desenvolver câncer de mama se recebeu terapia de reposição hormonal por muitos anos. Muitas mulheres usam a TRH para diminuir os sintomas da menopausa
  • Obesidade - A obesidade tem sido associada ao câncer de mama, mas essa relação ainda é controversa. Teoricamente, as mulheres obesas produzem mais estrogênio, o que pode estimular o aparecimento de câncer de mama
  • Radiação - Se você fez radioterapia quando criança ou jovem para tratar um câncer na região do tórax, seu risco de desenvolver câncer de mama é muito maior. Quanto mais cedo tiver começado a radioterapia e quanto maior a dose, maior o seu risco, principalmente se a radiação tiver sido aplicada quando a mulher estava desenvolvendo as mamas
Colocar implantes nos seios, usar desodorantes antitranspirantes ou sutiãs com aro não aumentam o risco de câncer de mama. Não existe evidência de uma relação direta entre o câncer de mama e os pesticidas.

Sintomas

O câncer de mama em estágio inicial geralmente não causa sintomas. Por esse motivo, realizar exames de mama regulares é tão importante.
À medida que o câncer cresce, alguns possíveis sintomas são:
  • Nódulo na mama ou na axila com bordas desiguais, rígido e geralmente indolor
  • Alteração no tamanho, no formato ou na textura da mama ou do mamilo; por exemplo, você pode apresentar vermelhidão, reentrâncias ou enrugamento com aspecto de casca de laranja
  • Líquido saindo do mamilo, que pode conter sangue, ser transparente, amarelo ou verde e parecer pus
Os homens também desenvolvem câncer de mama. Os sintomas incluem nódulo, dor e sensibilidade nas mamas.
Possíveis sintomas do câncer de mama avançado:
  • Dor nos ossos
  • Dor ou desconforto na mama
  • Úlceras na pele
  • Inchaço em um dos braços (o braço próximo à mama com câncer)
  • Perda de peso

Exames e testes

O médico perguntará sobre os seus sintomas e fatores de risco e realizará um exame físico nas mamas, axilas, pescoço e na região do tórax.
Foto: ADAM
Biópsia de mama por agulha
Possíveis testes complementares:
  • Mamografia para ajudar a identificar o nódulo
  • Ressonância magnética das mamas para ajudar a identificar melhor o nódulo
  • Ultrassonografia das mamas para mostrar se o nódulo é sólido ou contém líquido (cisto)
  • Biópsia da mama, aspiração com agulha fina ou retirada do nódulo removendo parte ou todo o nódulo para um exame minucioso realizado por um especialista em exames laboratoriais
  • Biópsia de linfonodo sentinela
  • Tomografia por emissão de pósitrons (PET)
Se o médico constatar que você tem câncer de mama, testes complementares serão realizados para verificar se o câncer se disseminou. Isso é chamado estadiamento. O estadiamento ajuda a determinar o tratamento e o acompanhamento e dá indícios sobre o que se pode esperar no futuro.
Os estágios do câncer de mama variam de 0 a IV. Quanto maior o número do estágio, mais avançado está o câncer.

Tratamento

O tratamento é baseado em muitos fatores, incluindo o tipo e o estágio do câncer, se o câncer é sensível a determinados hormônios e se produz um gene chamado HER2/neu em excesso ou não (superexpressão).
Foto: ADAM
Biópsia aberta de mama
Em geral, os tratamentos para o câncer podem incluir:
  • Medicamentos quimioterápicos para destruir as células cancerosas
  • Radioterapia para destruir o tecido canceroso
  • Cirurgia para retirar o tecido canceroso: a lumpectomia retira o nódulo na mama e a mastectomia remove toda a mama ou parte dela e, possivelmente, as estruturas próximas
A terapia hormonal é indicada para mulheres com câncer de mama RE positivo, a fim de bloquear determinados hormônios que estimulam o desenvolvimento do câncer.
  • Um exemplo de terapia hormonal é o medicamento tamoxifeno. Ele bloqueia os efeitos do estrogênio, o que pode ajudar as células do câncer de mama a sobreviverem e crescerem novamente. A maioria das mulheres com câncer de mama sensível ao estrogênio se beneficia com esse medicamento
  • Outra classe de medicamentos chamada de inibidores da aromatase, como o exemestano, demonstrou funcionar tão bem (ou melhor) quanto o tamoxifeno em mulheres com câncer de mama após a menopausa
A terapia-alvo, também chamada de terapia biológica, é um tipo de tratamento de câncer mais recente. Ela utiliza medicamentos especiais de combate ao câncer, que são direcionados a determinadas alterações em uma célula que podem causar câncer. Um desses medicamentos é o trastuzumab. Ele pode ser usado por mulheres com câncer de mama HER2 positivo.
O tratamento de câncer pode ser local ou sistêmico:
  • Os tratamentos locais compreendem somente a região da doença. Radioterapia e cirurgia são formas de tratamento local
  • Os tratamentos sistêmicos afetam o corpo inteiro. A quimioterapia é um tipo de tratamento sistêmico
A maioria das mulheres recebe uma combinação de tratamentos. Para mulheres com câncer de mama nos estágios I, II e III, o principal objetivo é tratar o câncer e evitar que ele volte. Para mulheres com câncer de mama no estágio IV, a meta é amenizar os sintomas e ajudá-las a prolongar a vida. Na maioria dos casos, o câncer de mama em estágio IV não pode ser curado.
  • Estágio 0 e CDIS - O tratamento padrão é uma lumpectomia com radioterapia ou uma mastectomia. Há controvérsias sobre a melhor forma de tratar um CDIS
  • Estágios I e II - O tratamento padrão é uma lumpectomia com radioterapia ou uma mastectomia com algum tipo de retirada de nódulo. A terapia hormonal, a quimioterapia e a terapia biológica também podem ser recomendadas após a cirurgia
  • Estágio III - O tratamento envolve cirurgia, provavelmente seguida de quimioterapia, terapia hormonal e terapia biológica
  • Estágio IV - O tratamento pode envolver cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia hormonal ou uma combinação desses tratamentos
Foto: ADAM
Remoção de nódulo na mama - série
Após o tratamento, algumas mulheres continuarão tomando medicamentos como o tamoxifeno por algum tempo. Todas as mulheres continuarão realizando exames de sangue, mamografias e outros testes após o tratamento. As mulheres submetidas à mastectomia podem fazer a cirurgia de reconstrução da mama junto com a mastectomia ou posteriormente.

Grupos de apoio

Falar sobre a sua doença e sobre o tratamento com outras pessoas que compartilham as mesmas experiências e problemas pode ser de grande ajuda.

Evolução (prognóstico)

Tratamentos novos e aperfeiçoados estão ajudando as pessoas com câncer de mama a viver mais do que os tratamentos anteriores. Entretanto, mesmo com tratamento, o câncer de mama pode atingir outras partes do corpo. Em alguns casos, o câncer volta mesmo depois da retirada total do tumor ou da constatação de que os linfonodos próximos estão livres de câncer.
O seu estado após o tratamento do câncer de mama depende de muitos fatores. Quanto mais avançado o câncer, menos satisfatórios são os resultados.
Foto: ADAM
A anatomia da mama inclui os ductos lactíferos, ou de leite, e os lóbulos mamários
Outros fatores usados para determinar o risco de recorrência e a probabilidade de sucesso do tratamento são:
  • Localização do tumor e o quanto ele se disseminou
  • Se o tumor é receptor positivo ou receptor negativo de hormônios
  • Marcadores tumorais, como HER2
  • Expressão de genes
  • Tamanho e formato do tumor
  • Taxa de divisão celular ou rapidez de crescimento do tumor
Depois de considerar todos esses fatores, o médico pode discutir seu risco de recorrência do câncer de mama.

Complicações

O tratamento de câncer pode causar efeitos colaterais ou complicações. A radioterapia, por exemplo, pode provocar inchaço temporário da mama (linfedema) e dores de intensidade variada na região.
O linfedema pode começar de seis a oito semanas após a cirurgia ou a radioterapia.
Ele também pode começar muito lentamente após o fim do tratamento de câncer. Você pode não perceber os sintomas até um ano e meio a dois anos depois do tratamento. Algumas vezes, ele demora alguns anos para se desenvolver.
Pergunte a seu médico quais efeitos colaterais você pode apresentar durante o tratamento.

Ligando para o médico

Entre em contato com seu médico se:
  • Você encontrar um nódulo na mama ou na axila
  • Você apresentar secreção pelo mamilo
Também entre em contato com seu médico se, após o tratamento do câncer de mama, você desenvolver sintomas como:
  • Secreção pelo mamilo
  • Erupção na mama
  • Novos nódulos na mama
  • Inchaço na região
  • Dor, principalmente no tórax, no abdome ou nos ossos

Prevenção

Muitos fatores de risco, como os seus genes e histórico familiar, não podem ser controlados. Entretanto, manter uma dieta saudável e fazer algumas mudanças no seu estilo de vida podem diminuir a chance de ter câncer. O câncer de mama é tratado com mais facilidade e é, muitas vezes, curável se é detectado precocemente.
Foto: ADAM
Autoexame da mama
A detecção precoce envolve:
  • Autoexames das mamas (AEM)
  • Exames clínicos das mamas feitos pelo médico
  • Rastreamento mamográfico
A maioria dos especialistas recomenda que, a partir dos 20 anos, as mulheres examinem seus seios uma vez por mês na semana depois da menstruação.
As mulheres entre 20 e 39 anos devem ser examinadas por um médico ao menos uma vez a cada três anos.
Após os 40:
  • As mulheres com 40 anos ou mais devem fazer uma mamografia a cada um ou dois anos, dependendo dos seus fatores de risco. As mulheres devem procurar um médico imediatamente se perceberem qualquer alteração nos seios, mesmo que façam os autoexames de rotina nas mamas
  • As mulheres com 40 anos ou mais devem fazer exames de mama anuais completos com o médico
A mamografia é a forma mais eficaz de detecção precoce do câncer de mama.
Foto: ADAM
Autoexame da mama
Algumas mulheres com alto risco de câncer de mama podem fazer uma ressonância magnética das mamas junto com a mamografia anual. Pergunte ao médico se você precisa de uma ressonância magnética.
A detecção precoce do câncer de mama é um assunto bastante controverso. A paciente precisa ter uma conversa objetiva e consciente com seu médico, além de ler e pesquisar por conta própria, para determinar se a mamografia é a melhor opção para ela.
O tamoxifeno é aprovado para a prevenção do câncer de mama em mulheres com 35 anos ou mais que têm alto risco.
As mulheres com um risco muito alto de câncer de mama podem optar por uma mastectomia preventiva (profilática), retirando as mamas cirurgicamente. As possíveis candidatas para esse procedimento são as mulheres que já retiraram uma das mamas em função de câncer, aquelas que possuem muitos casos de câncer de mama na família e as pessoas com genes ou mutações genéticas que aumentam o risco de desenvolvimento de câncer de mama.

Referências

Carlson RW, Allred DC, Anderson BO, Burstein HJ, Carter WB, Edge SB, et al. Breast cancer. Clinical practice guidelines in oncology. J Natl Compr Canc Netw. 2009 Feb;7(2):122-92.
Chlebowski RT, Kuller LH, Prentice RL, Stefanick ML, Manson JE, Gass M, et al. Breast cancer after use of estrogen plus progestin in postmenopausal women. N Engl J Med. 2009 Feb 5;360(6):573-87.
Hayes DF. Clinical practice. Follow-up of patients with early breast cancer. N Engl J Med. 2007;356(24): 2505-13.
Atualizado em 28/12/2010, por: Yi-Bin Chen, MD, Leukemia/Bone Marrow Transplant Program, Massachusetts General Hospital. Also reviewed by David Zieve, MD, MHA, Medical Director, A.D.A.M., Inc.



Pneumonia

Causas, Sintomas e Tratamentos.

Pneumonia é uma infecção que se instala nos pulmões (órgão duplo localizado um de cada lado da caixa torácica). Pode acometer a região dos alvéolos pulmonares onde desembocam as ramificações terminais dos brônquios e, às vezes, os interstícios (espaço entre um alvéolo e outro).
Getty Images Ilustração de infecção nos pulmões
Basicamente, pneumonias são provocadas pela penetração de um agente infeccioso ou irritante (bactérias, vírus, fungos e por reações alérgicas) no espaço alveolar, onde ocorre a troca gasosa. Esse local deve estar sempre muito limpo, livre de substâncias que possam impedir o contato do ar com o sangue.
Diferentes do vírus da gripe, que é uma doença altamente infectante, os agentes infecciosos da pneumonia não costumam ser transmitidos facilmente.

Tipos

Existem diversos tipos de pneumonia. Entre eles estão:
  • Pneumonia provocada por vírus
  • Pneumonia provocada por fungos
  • Pneumonia provocada por bactérias
  • Pneumonia química.

Sintomas de Pneumonia

Entre os sintomas de pneumonia estão:
  • Febre alta
  • Tosse
  • Dor no tórax
  • Alterações da pressão arterial
  • Confusão mental
  • Mal-estar generalizado
  • Falta de ar
  • Secreção de muco purulento de cor amarelada ou esverdeada
  • Toxemia (danos provocados pelas toxinas carregadas pelo sangue)
  • Prostração (fraqueza).

Diagnóstico de Pneumonia

O diagnóstico de pneumonia é feito com exame clínico, auscultação dos pulmões e radiografias de tórax.
Getty Images Radiografia de tórax permite detectar pneumonia

Tratamento de Pneumonia

O tratamento da pneumonia requer o uso de antibióticos, e a melhora costuma ocorrer em três ou quatro dias. A internação hospitalar para pneumonia pode fazer-se necessária quando a pessoa é idosa, tem febre alta ou apresenta alterações clínicas decorrentes da própria pneumonia, tais como: comprometimento da função dos rins e da pressão arterial, dificuldade respiratória caracterizada pela baixa oxigenação do sangue porque o alvéolo está cheio de secreção e não funciona para a troca de gases.

Convivendo/ Prognóstico

Recomendações

  • Não fume e não beba exageradamente
  • Observe as instruções do fabricante para a manutenção do ar-condicionado em condições adequadas
  • Não se exponha a mudanças bruscas de temperatura
  • Procure atendimento médico para diagnóstico precoce de pneumonia, para diminuir a probabilidade de complicações.

Fatores de risco

  • Fumo: provoca reação inflamatória que facilita a penetração de agentes infecciosos
  • Álcool: interfere no sistema imunológico e na capacidade de defesa do aparelho respiratório
  • Ar-condicionado: deixa o ar muito seco, facilitando a infecção por vírus e bactérias
  • Resfriados mal cuidados
  • Mudanças bruscas de temperatura.

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Tuberculose

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ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

Descrição

A Tuberculose e um problema de saúde prioritário no Brasil. O agravo atinge a todos os grupos etários, com maior predomínio nos indivíduos economicamente ativos (15 - 54 anos) e do sexo masculino. Doença infecciosa, atinge principalmente o pulmão. A Tuberculose primária ocorre durante uma primoinfecção, e pode evoluir tanto a partir do foco pulmonar, quanto do foco ganglionar ou, então, em consequência da disseminação hematogênica, o que acontece em 5% dos primoinfectados, em geral nos primeiros dois anos apos a infecção. A Tuberculose pós-primária ocorre no organismo que tem sua imunidade desenvolvida, tanto pela infecção natural quanto pelo BCG. Dos primoinfectados, 5% adoecerão tardiamente, em consequência do recrudescimento de algum foco já existente no seu organismo (reativação endógena). Também pode ocorrer a reinfecção exógena, ou seja, o paciente adoecer por receber nova carga bacilar do exterior. Estes dois mecanismos não podem ser distinguidos clinicamente. Os pacientes com Tuberculose apresentam comprometimento do estado geral, febre baixa vespertina com sudorese, inapetência e emagrecimento. Quando a doença atinge os pulmões, o indivíduo pode apresentar dor torácica e tosse produtiva, acompanhada ou não de escarros hemoptoicos. A tosse produtiva e o sintoma mais frequente da forma pulmonar. Nas crianças também é comum o comprometimento ganglionar mediastínico e cervical (forma primaria), que se caracteriza por lesões bipolares: parênquima e gânglios. Nos pacientes adultos, maiores de 15 anos, a Tuberculose pulmonar e a forma mais frequente, atingindo cerca de 90% dos casos. Nos menores de 15 anos, este percentual e de 75%, podendo, entretanto, se localizar em outras partes do organismo: rins, ossos e meninges, dentre outras, em função das quais se expressara clinicamente. Uma das formas mais graves e a Tuberculose miliar, decorrente de disseminação hematogênica com acometimento sistêmico, quadro toxico infeccioso importante e grande risco de meningite. Os pulmões se apresentam difusamente ocupados por pequenas lesões. Os demais órgãos também podem ser acometidos por lesões idênticas.

Agente Etiológico

M. tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch (BK). O complexo M. tuberculosis é constituído de varias espécies: M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum e M. microti. Mycobacterium tuberculosis.

Reservatório

O reservatório principal é o homem. Em algumas regiões, o gado bovino doente. Em raras ocasiões, os primatas, aves e outros mamíferos O homem (principal) e o gado bovino doente (em algumas regiões especificas).

Modo de Transmissão

A Tuberculose e transmitida de pessoa a pessoa, principalmente, através do ar. A fala, o espirro e, principalmente, a tosse de um doente de Tuberculose pulmonar bacilífera lança no ar gotículas, de tamanhos variados, contendo no seu interior o bacilo.

Período de Incubação

Apos a infecção pelo M. tuberculosis, transcorrem, em media, 4 a 12 semanas para a detecção das lesões primarias. A maioria dos novos casos de doença pulmonar ocorre em torno de 12 meses apos a infecção inicial.

Período de Transmissibilidade

Enquanto o doente estiver eliminando bacilos e não houver iniciado o tratamento. Com o início do esquema terapêutico recomendado, a transmissão é reduzida, gradativamente, a níveis insignificantes, ao fim de poucos dias ou semanas. As crianças, com Tuberculose pulmonar, geralmente não são infectantes.

Complicações

Distúrbio ventilatório obstrutivo e/ou restritivo, infecções respiratorias de repetição, formação de bronquiectasias, hemoptise, atelectasias, empiemas.

Diagnóstico

São fundamentais os seguintes métodos.

Clínico

Baseado nos sintomas e história epidemiológica. Os casos suspeitos de Tuberculose em crianças e adolescentes devem ser encaminhados para a unidade de referência, para investigação e confirmação do diagnóstico. Apos definição do diagnóstico e estabelecido o tratamento, a criança devera voltar para acompanhamento na Unidade Básica de Saúde.

Laboratorial

Exames bacteriológicos.

     Baciloscopia direta do escarro - É o método prioritário, permite identificar o doente bacilífero. Método simples e seguro, deve ser realizado por todos os laboratórios. A baciloscopia direta devera ser indicada para todos os sintomáticos respiratórios (indivíduo com tosse e expectoração por três semanas e mais). Devera ser dada ênfase, para realização deste exame, em pacientes que apresentem alterações pulmonares na radiografia de tórax e nos contatos de Tuberculose pulmonar bacilíferos. Também e utilizada para acompanhar a evolução bacteriológica do paciente pulmonar, inicialmente positivo, durante o tratamento. O controle bacteriológico deve ser de preferência mensal e, obrigatoriamente, ao termino do segundo, quarto e sexto mês de tratamento. Recomenda-se, para o diagnóstico, a coleta de duas amostras de escarro: uma por ocasião da primeira consulta, e a segunda na manha do dia seguinte, ao despertar.
     Cultura de escarro ou outras secreções - É indicada para suspeitos de Tuberculose pulmonar negativos ao exame direto do escarro, e para o diagnóstico de formas extrapulmonares, como meníngea, renal, pleural, óssea e ganglionar, e também para o diagnóstico de Tuberculose em pacientes HIV positivo. Também esta indicada à solicitação desse exame acompanhado do teste de sensibilidade, nos casos de suspeita de resistência bacteriana as drogas, ou ao final do segundo mês de tratamento quando a baciloscopia se mantem positiva, retratamento após falência ao esquema básico ou reinicio apos abandono. Nos casos de suspeita de infecção por microbactérias não tuberculosas, notadamente nos doentes HIV positivos ou com aids, além de cultura, devera ser realizada a tipificação do bacilo.
     Exame radiológico - É auxiliar no diagnóstico da Tuberculose, justificando-se sua utilização, se possível, nos casos suspeitos. Este exame permite a identificação de pessoas portadoras de imagens sugestivas de Tuberculose, ou de outras patologias. O exame radiológico, em pacientes com baciloscopia positiva, tem como função principal, a exclusão de outra doença pulmonar associada, que necessite de tratamento concomitante, além de permitir avaliação da evolução radiológica dos pacientes, sobretudo daqueles que não responderam a quimioterapia.
     Tomografia computadorizada do tórax - Método diagnóstico útil, notadamente a tomografia computadorizada de alta resolução, em alguns casos em que a radiografia do tórax apresenta resultados imprecisos, por alterações parenquimatosas mínimas ou por não permitir distinguir lesões antigas das lesões da Tuberculose ativa. No entanto, é método de maior custo e menor oferta, restrito aos centros de referência. Deve ser usado de forma individualizada, levando em consideração os recursos disponíveis e o custo-benefício, especialmente nos casos com baciloscopia negativa que exigem melhor diagnóstico diferencial com outras doenças.
     Broncoscopia - A broncoscopia e os procedimentos a ela associados, a exemplo de lavado brônquico, lavado broncoalveolar, escovado brônquico, biopsia brônquica, biopsia transbrônquica e punção aspirativa com agulha podem ser uteis no diagnóstico da Tuberculose nas seguintes situações: formas negativas a baciloscopia, suspeita de outra doença pulmonar que não a Tuberculose, presença de doença que acomete difusamente o parênquima pulmonar, suspeita de Tuberculose endobrônquica ou pacientes imunodeprimidos, particularmente os infectados pelo HIV.
     Prova tuberculínica - Indicada, como método auxiliar, no diagnóstico da Tuberculose, em pessoas não vacinadas com BCG ou indivíduos infectados pelo HIV. A prova tuberculínica quando positiva, isoladamente, indica apenas a presença de infecção, e não e suficiente para o diagnóstico da Tuberculose doença.
No Brasil, a tuberculina usada e o PPD RT23, aplicado por via intradérmica, no terço médio da face anterior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1ml, equivalente a 2UT (unidades de tuberculina). Quando conservada em temperatura entre 4° e 8°C, a tuberculina mantem-se ativa por seis meses. Não deve, entretanto, ser congelada, nem exposta à luz solar direta.
A técnica de aplicação e o material utilizado, são padronizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e tem especificações semelhantes às usadas para a vacinação BCG. A injeção do líquido faz aparecer uma pequena área de limites precisos, pálida e de aspecto pontilhado, como casca de laranja.
A leitura da prova tuberculínica e realizada de 48 a 72 horas apos a aplicação, podendo este prazo ser estendido para 96 horas, caso o paciente falte a consulta de leitura na data agendada. O maior diâmetro transverso da área de endurecimento palpável deve ser medido com régua milimetrada, e o resultado, registrado em milímetros. (Não será mais utilizada a classificação de forte ou fraco reator).
A interpretação do resultado depende da probabilidade de infecção latente, do risco de adoecimento por TB, do tamanho do endurado e da idade.

Observações em relação à prova tuberculínica
-      Algumas circunstâncias podem interferir no resultado da prova tuberculínica como, por exemplo: Tuberculose grave ou disseminada, desnutrição, aids, sarcoidose, neoplasias, doenças linfoproliferativas, tratamentos com corticosteroide e drogas imunodepressoras, gravidez, etc.
-      Todos os indivíduos infectados pelo HIV devem ser submetidos a prova tuberculínica. Enduração =5mm reflete infecção latente, para qual deve ser iniciada a quimioprofilaxia (ou tratamento da infecção latente) com isoniazida, apos exclusão de Tuberculose ativa. Para pacientes com enduração entre 0 e 4mm, e em uso de terapia antirretroviral, recomenda-se fazer o teste seis meses apos o inicio da terapia, devido a possibilidade de restauração da resposta tuberculínica e anualmente apos a recuperação (reconstituição) imune.
-      Nos indivíduos vacinados com BCG, sobretudo entre aqueles imunizados ha ate 2 anos, a prova tuberculínica deve ser interpretada com cautela porque, em geral, apresenta reações de tamanho médio, podendo alcançar 10mm ou mais.

     Exame anatomopatológico (histológico e citológico) - Sempre que possível, nas formas extrapulmonares, deve-se realizar a biopsia. No material colhido será feito o exame direto, a cultura e o exame anatomopatológico, para identificar o M. tuberculosis, ou o processo inflamatório granulomatoso compatível com a Tuberculose.
     Exame bioquímico - São mais utilizados em casos de Tuberculose extrapulmonar, principalmente no derrame pleural, derrame pericárdico e meningoencefalite tuberculosa.
     Exame sorológico e de biologia molecular - Esses novos métodos são uteis para o diagnóstico precoce da Tuberculose, contudo a sensibilidade, especificidade e valores preditivos variáveis, aliados ao alto custo e complexidade, os inviabilizam como exames de rotina, ficando seu uso restrito a alguns centros de pesquisa.
Observação: Exame sorológico anti-HIV deve ser oferecido o mais cedo possível a todo indivíduo com diagnóstico estabelecido de Tuberculose, independentemente da confirmação bacteriológica. O profissional de saúde deve abordar a possibilidade de associação das duas infecções e dos benefícios do diagnóstico e tratamento precoces da infecção pelo HIV, realizando aconselhamento pré-teste. O teste anti-HIV deve ser realizado com o consentimento do paciente, observando-se o sigilo e confidencialidade do teste, utilizando-se o algoritmo de diagnóstico com testes rápidos sempre que possível. Independente do resultado da testagem, deve ser realizado aconselhamento pós-teste. Caso o exame seja positivo, o doente deve ser encaminhado para um serviço ambulatorial especializado (SAE) no tratamento da infecção do HIV e aids, mais próximo de sua residência.

Diagnóstico Diferencial

Pneumonias, micoses pulmonares (paracoccidioidomicose, histoplasmose), sarcoidose e carcinoma brônquico, dentre outras enfermidades.

Tratamento

O tratamento da Tuberculose deve ser feito em regime ambulatorial, supervisionado, no serviço de saúde mais próximo a residência do doente. Antes de iniciar a quimioterapia, e necessário orientar o paciente quanto ao tratamento. Para isso, deve-se explicar, em linguagem acessível, as características da doença e o esquema de tratamento que será seguido - drogas, duração, benefícios do uso regular da medicação, consequências advindas do abandono do tratamento, e possíveis efeitos adversos dos medicamentos. Principal estratégia do novo modelo de atenção ao paciente com Tuberculose, o DOTS, Estratégia de Tratamento Diretamente Observado, e fator essencial para se promover o real e efetivo controle da Tuberculose. A estratégia DOTS visa o aumento da adesão dos pacientes, maior descoberta das fontes de infecção (pacientes pulmonares bacilíferos), e o aumento da cura, reduzindo-se o risco de transmissão da doença na comunidade. As drogas usadas, nos esquemas padronizados, são as seguintes:

     Isoniazida - H;
     Rifampicina - R;
     Pirazinamida - Z;
     Etambutol - E.

Em crianças menores de cinco anos, que apresentem dificuldade para ingerir os comprimidos, recomenda-se o uso das drogas, na forma de xarope ou suspensão.
Em agosto de 2008, o Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, recomendou a inclusão do Etambutol, para adultos e adolescentes (>10 anos de idade), no tratamento de primeira linha da Tuberculose no Brasil. Desse modo, está recomendado o uso de Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol na primeira fase do tratamento durante dois meses seguidos de Rifampicina e Isoniazida durante quatro meses, mantendo dessa forma o regime de curta duração de 6 meses. Para crianças (< 10 anos de idade) continua a recomendação com 3 fármacos na 1a fase (RHZ) e 2 fármacos (RH) na 2a fase.

     1ª fase (ou de ataque) - As 4 drogas preconizadas serão administradas em comprimidos compostos por dosagens fixas de Rifampicina – 150mg, Isoniazida – 75mg, Pirazinamida – 400mg e Etambutol – 275mg.
     2ª fase (ou de manutenção) - As 2 drogas preconizadas serão administradas em comprimidos com dosagens fixas de Rifampicina – 150mg e Isoniazida – 75mg.

Estes comprimidos denominados dose fixa combinada (DFC) incorporam 2 ou 4 drogas em proporções fixas. O uso destas apresentações traz uma serie de vantagens para o controle da Tuberculose:

     Menor emergência de resistência bacteriana, uma vez que a DFC incorpora múltiplas drogas em um único comprimido e com isso diminui a chance de monoterapia;
     Facilita a prescrição médica e a entrega das drogas pela farmácia, o que pode ser altamente desejável em serviços de atenção básica onde os profissionais estão pouco familiarizados com o tratamento da Tuberculose;
     Número reduzido de comprimidos, o que pode melhorar a adesão do paciente ao tratamento.

Apesar de todos os benefícios da DFC, ela não garante a ingestão dos comprimidos pelos pacientes. Portanto, e fundamental o controle efetivo do tratamento e a implementação do DOTS.

Esquema básico para adultos e adolescentes (a partir de 10 anos de idade) - 2RHZE/4RH

Indicações
     Casos novos[1] - De todas as formas de Tuberculose pulmonar e extrapulmonar (exceto meningoencefalite) infectados ou não pelo HIV.
-      Retratamento: recidiva (independentemente do tempo decorrido do primeiro episodio) ou retorno apos abandono com doença ativa.

Este esquema consiste em doses fixas combinadas (DFC) de Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol por seis meses, sendo dois meses de RHZE seguidos de quatro meses de RH em doses que variam conforme o peso (Quadro 42). Pode ser usado por gestantes em qualquer periodo da gestação, em dose plena.

Quadro 42. Esquema básico para adultos e adolescentes – 2RHZE/4RH
RegimeFármacos e doses em mgFaixa de pesoUnidades/doseMeses
2RHZE
Fase intensiva
RHZE 150/75/400/27520 a 35 kg
36 a 50 kg
> 50 kg
2 comprimidos
3 comprimidos
4 comprimidos
2
4RH
Fase de manutenção
RHa 300/200 ou 150/10020 a 35 kg
36 a 50 kg
> 50 kg
1 cápsula 300/200
1 cápsula 300/200 + 1 cápsula 150/100
2 cápsulas 300/200
4
a)   As apresentações de RH em cápsulas de 300/200 e 150/100 deverão ser utilizadas até que as apresentações de RH em comprimidos de 150/75 estejam disponíveis. (As doses preconizadas para comprimidos de RH 150/75 são: a) 2 comprimidos/dia para 20 a 35 kg de peso; b) 3 comprimidos para 36 a 50 kg de peso; e c) 4 comprimidos para > 50 kg de peso.)

Em casos individualizados, cuja evolução clínica inicial não tenha sido satisfatória, ou ainda nos casos de TB extrapulmonar, com a orientação de especialistas ou profissionais de unidades de referência, o tempo de tratamento poderá ser prolongado, na sua 2a fase, por mais três meses.
Os casos de Tuberculose associados ao HIV devem ser encaminhados para unidades de referência (serviços ambulatorial especializado), em seu município ou em municípios vizinhos, para serem tratados para os dois agravos (TB/HIV).

Observação: Em todos os casos de retratamento por recidiva ou retorno apos abandono preconiza-se a solicitação de cultura, identificação e teste de sensibilidade antes de iniciar o tratamento.

Quadro 43. Esquema Básico para crianças – 2 RHZ/4RH
RegimeFármacos e doses em mgFaixa de pesoUnidades/doseMeses
2RHZ
Fase intensiva
R/H/ZAté 20 kg
20 a 35 kg
36 a 50 kg
> 50 kg
10/10/35 mg/kg peso
300/200/1.000 mg/dia
450/300/1.500 mg/dia
600/400/2.000 mg/dia
2
4RH
Fase de manutenção
R/HAté 20 kg
20 a 35 kg
36 a 50 kg
> 50 kg
10/10 mg/kg/dia
300/200 mg/dia
450/300 mg/dia
600/400 mg/dia
4

Esquema para tuberculose meningoencefálica para adultos e adolescentes (a partir de 10 anos de idade) – 2RHZE/7RH

O esquema preconizado para casos da forma meningoencefálica em adultos e adolescentes consiste em doses fixas combinadas por nove meses, sendo dois meses de RHZE seguidos de sete meses de RH em doses que variam conforme o peso (Quadro 44).

Quadro 44. Esquema para Tuberculose meningoencefálica – 2RHZE/7RH
RegimeFármacosFaixa de pesoUnidades/doseMeses
2RHZE
Fase intensiva
RHZE
150/75/400/275
20 a 35 kg
36 a 50 kg
> 50 kg
2 comprimidos
3 comprimidos
4 comprimidos
2
7RH
Fase de manutenção
RHa
300/200 ou 150/100
20 a 35 kg
36 a 50 kg
> 50 kg
1 cápsula 300/200
1 cápsula 300/200 + 1 cápsula 150/100
2 cápsulas 300/200
7
a)   As apresentações de RH em cápsulas de 300/200 e 150/100 deverão ser utilizadas até que as apresentações de RH em comprimidos de 150/75 estejam disponíveis. (As doses preconizadas para comprimidos de RH 150/75 são: a) 2 comprimidos/dia para 20 a 35 kg de peso; b) 3 comprimidos para 36 a 50 kg de peso; e c) 4 comprimidos para > 50 kg de peso.)

Esquema para tuberculose meningoencefálica para crianças (menores de 10 anos de idade) – 2RHZ/7RH

O esquema preconizado para casos da forma meningoencefálica em crianças (menores de 10 anos de idade) consiste em doses fixas combinadas por nove meses, sendo dois meses de RHZ seguidos de sete meses de RH em doses que variam conforme o peso (Quadro 45).

Quadro 45. Esquema para Tuberculose meningoencefálica – 2RHZ/7RH
RegimeFármacos e doses em mgFaixa de pesoUnidades/doseMeses
2RHZ
Fase intensiva
R/H/ZAté 20 kg
20 a 35 kg
36 a 50 kg
> 50 kg
10/10/35 mg/kg peso
300/200/1.000 mg/dia
450/300/1.500 mg/dia
600/400/2.000 mg/dia
2
7RH
Fase de manutenção
R/HAté 20 kg
20 a 35 kg
36 a 50 kg
> 50 kg
10/10 mg/kg/dia
300/200 mg/dia
450/300 mg/dia
600/400 mg/dia
7

Para todos os casos (crianças, adolescentes e adultos):
     A internação é mandatória, sempre que se suspeitar do diagnóstico de Tuberculose meningoencefálica.
     Nos casos de Tuberculose meningoencefálica, em qualquer idade, recomenda-se o uso de corticosteroides (prednisona, dexametasona ou outros), por um periodo de 1 a 4 meses, no inicio do tratamento. Na criança, a prednisona e administrada na dose de 1 a 2mg/kg de peso corporal, ate a dose máxima de 30mg/dia. No caso de se utilizar outro corticosteroide, aplicar a tabela de equivalência entre eles.
     A fisioterapia na Tuberculose meningoencefálica deve ser iniciada o mais cedo possível.

Esquema para falência do esquema básico - Para os casos de suspeita de falência (veja definição de falência no item Notificação deste capitulo) ao esquema básico, devem ser solicitados a cultura com identificação e teste de sensibilidade. Estes pacientes devem ser encaminhados a unidade de referência para avaliação e definição do esquema terapêutico a ser instituído baseado no teste de sensibilidade aos fármacos. Ate que a unidade básica receba o resultado destes exames e encaminhe o paciente para referência, o esquema básico deve ser mantido.
Estão abolidos os esquemas IR e III.
Além dos suspeitos de falência aos tuberculostáticos, os pacientes que apresentam as seguintes condições também deverão ser encaminhados para uma unidade de referência:

     Evidências clínicas de hepatopatia aguda (hepatite medicamentosa ou menos comumente viral), ou crônica (cirrose, hepatopatia alcoólica, hepatite viral B ou C);
     Evidências clínicas de nefropatias (insuficiência renal crônica, pacientes em regime de diálise);
     Infecção pelo HIV ou aids (para esta situação, a referência será o SAE;
     Manifestação clínica de efeitos adversos maiores ou intolerância medicamentosa de difícil manejo.

Os pacientes que não se curam apos tratamento com os esquemas padronizados pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose – PNCT/SVS/MS, podem ser portadores de bacilos resistentes aos tuberculostáticos. A resistência deve ser confirmada por testes laboratoriais e é definida como:

???? Monorresistência - Resistência a um fármaco.
???? Polirresistência - Resistência a mais de um fármaco que não rifampicina e isoniazida.
???? Multirresistência - Resistência simultânea a, pelo menos, rifampicina e isoniazida.
???? Resistência extensiva aos fármacos - Resistência a rifampicina e isoniazida, acrescida de resistência a uma fluoroquinolona e um medicamento injetável de segunda linha.

Estes pacientes e seus familiares serão atendidos por equipe multiprofissional especializada, em centros de referência que cumpram as normas de biossegurança, e estejam credenciados pelas coordenações municipais e estaduais de Tuberculose.
Em todos os esquemas, a medicação e de uso diário, e deverá ser administrada, de preferência, em uma única tomada em jejum ou, em caso de intolerância digestiva, junto com uma refeição.
Atenção especial deve ser dada ao tratamento dos grupos considerados de alto risco de intoxicação, como pessoas com mais de 60 anos, em mau estado geral e alcoolistas.
A rifampicina interfere na ação dos contraceptivos orais, devendo as mulheres, em uso desse medicamento, receber orientação para utilizar outros métodos anticoncepcionais.

Reações adversas ao uso de drogas antituberculose - A maioria dos pacientes submetidos ao tratamento de Tuberculose, consegue completar o tempo recomendado, sem sentir qualquer efeito colateral relevante. Os fatores relacionados as reações são diversos. Todavia, os maiores determinantes dessas reações se referem a dose, horários de administração da medicação, idade do doente, seu estado nutricional, alcoolismo, condições da função hepática e renal e coinfecção pelo HIV.
A conduta adequada esta apresentada, de forma esquemática, nos quadros abaixo, conforme a classificação: efeitos menores e efeitos maiores. Os efeitos menores ocorrem entre 5 a 20% dos casos, e são assim classificados, porque não implicam em modificação imediata do esquema padronizado (Quadro 46); os efeitos maiores são aqueles que implicam interrupção, ou alteração do tratamento e são menos frequentes, ocorrendo em torno de 2%, podendo chegar a 8% em serviços especializados (Quadro 47).

Quadro 46. Efeitos menores
EfeitosDrogasCondutas
Irritação gástrica (náusea, vômito) epigastralgia e dor abdominalRifampicina
Isoniazida
Pirazinamida
Reformular os horários de administração da medicação e avaliar a função hepática
Artralgia ou artritePirazinamida
Isoniazida
Medicar com ácido acetilsalicílico
Neuropatia periférica (queimação das extremidades)Isoniazida
Etambutol
Medicar com piridoxina (vit B6)
Cefaleia e mudança de comportamento (euforia, insônia, ansiedade e sonolência)IsoniazidaOrientar
Suor e urina cor de laranjaRifampicinaOrientar
Prurido cutâneoIsoniazida
Rifampicina
Medicar com anti-histamínico
Hiperuricemia (com ou sem sintomas)Pirazinamida
Etambutol
Orientação dietética (dieta hipopurínica)
FebreRifampicina
Isoniazida
Orientar

Quadro 47. Efeitos maiores
EfeitosDrogasCondutas
ExantemasEstreptomicina
Rifampicina
Suspender o tratamento
Reintroduzir o tratamento, droga a droga, após resolução
Substituir o esquema nos casos graves ou reincidentes
HipoacusiaEstreptomicinaSuspender a droga e substituí-la pela melhor opção
Vertigem e nistagmoEstreptomicinaSuspender a droga e substituí-la pela melhor opção
Psicose, crise convulsiva, encefalopatia tóxica e comaIsoniazidaSubstituir por estreptomicina + etambutol
Neurite óticaEtambutol
Isoniazida
Substituir
Hepatotoxicidade (vômitos, hepatite, alteração das provas de função hepática)Todas as drogasSuspender o tratamento temporariamente até resolução
Trombocitopenia, leucopenia, eosinofilia, anemia hemolítica, agranulocitose, vasculiteRifampicina
Isoniazida
Dependendo da gravidade, suspender o tratamento e reavaliar o esquema de tratamento
Nefrite intersticialRifampicina, principalmente intermitenteSuspender o tratamento
Rabdomiólise com mioglobinúria e insuficiência renalPirazinamidaSuspender o tratamento

Características Epidemiológicas

A Tuberculose não apresenta variações cíclicas ou sazonais, de importância prática. A prevalência observada e maior em áreas de grande concentração populacional, e precárias condições socioeconômicas e sanitárias. A distribuição da doença e mundial, com tendência decrescente da morbidade e mortalidade nos países desenvolvidos. Nas áreas com elevada prevalência de infecção pelo HIV, vem ocorrendo estabilização, ou aumento do numero de casos e óbitos por Tuberculose. Estão mais sujeitos a doença, indivíduos que convivam (contatos) com doente bacilífero, determinados grupos com redução da imunidade, silicóticos e pessoas que estejam em uso de corticosteroides, ou infectados pelo HIV.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Objetivos

O principal objetivo da vigilância epidemiológica e identificar as possíveis fontes de infecção. Deve ser feita investigação epidemiológica, entre os contatos de todo caso novo de Tuberculose e, prioritariamente, nos contatos que convivam com doentes bacilíferos, devido ao maior risco de infecção e adoecimento que esse grupo apresenta.

Notificação

Doença de notificação compulsória e investigação obrigatória.

Definição de Caso

Suspeito

     Todo indivíduo com sintomatologia clínica sugestiva de Tuberculose pulmonar: tosse por três ou mais semanas, febre, perda de peso e apetite, ou suspeito ao exame radiológico.
     Paciente com imagem compatível com Tuberculose.

Confirmado

Critério clínico laboratorial
     Tuberculose pulmonar bacilífera - Paciente com duas baciloscopias diretas positivas, ou uma baciloscopia direta positiva e cultura positiva ou uma baciloscopia direta positiva e imagem radiológica sugestiva de Tuberculose.
     Tuberculose pulmonar escarro negativo (BK) - É o paciente com duas baciloscopias negativas, com imagem radiológica sugestiva, e achados clínicos ou outros exames complementares, que permitam ao médico efetuar um diagnóstico de Tuberculose.
     Tuberculose extrapulmonar - Paciente com evidências clínicas, achados laboratoriais, inclusive histopatológicos compatíveis com Tuberculose extrapulmonar ativa, em que o médico toma a decisão de tratar com esquema especifico; ou paciente com, pelo menos, uma cultura positiva para M. tuberculosis, de material proveniente de uma localização extrapulmonar.
Critério clínico-epidemiológico - O raciocínio diagnóstico deve desenvolver-se, a partir do exame clínico, dos dados epidemiológicos e da interpretação dos resultados dos exames solicitados. Em situações em que o diagnóstico laboratorial não pode ser realizado, o clínico pode confirmar o caso pelo critério clínico epidemiológico, principalmente, quando de história de contato com doentes de Tuberculose, fator de importância primordial para a suspeição diagnóstica.
Casos suspeitos que, apesar de sintomatologia compatível, apresentaram resultados negativos nos exames laboratoriais. Principalmente, quando se confirma outra patologia, na busca de diagnóstico diferencial.

MEDIDAS DE CONTROLE

Diagnóstico e tratamento – A procura de casos de Tuberculose deve ser, prioritariamente, efetuada nos sintomáticos respiratórios (indivíduos com tosse por três ou mais semanas), que deverão ser submetidos a baciloscopia direta do escarro no momento da consulta, e solicitação de outra amostra a ser colhida no dia seguinte. Sempre que necessário, outros exames deverão ser solicitados para elucidação diagnóstica. Deve-se avaliar mensalmente o doente e a evolução do tratamento, realizando-se, nos casos novos pulmonares com baciloscopia positiva (BK +), o controle bacteriológico, de preferência mensal e, obrigatoriamente, ao termino do segundo, quarto e sexto meses de tratamento. Para todos os pacientes com baciloscopia positiva ao final do 2° mês de tratamento, devera ser solicitado cultura e teste de sensibilidade.
Quando houver indicação de internação de pacientes com Tuberculose, devem ser adotadas medidas de isolamento respiratório, especialmente tratando-se de pacientes bacilíferos e resistentes aos fármacos antituberculose. Deve-se internar o doente em hospitais que tenham poder de resolução para os motivos que determinaram a sua internação, não sendo obrigatório que sejam hospitais especializados em pneumologia.
     Controle de contato - Indicado, prioritariamente, para contatos que convivam com doentes bacilíferos especialmente os intradomiciliares, por apresentarem maior probabilidade de adoecimento, e nos adultos que convivam com doentes menores de 5 anos, para identificação da possível fonte de infecção.
     Imunização - A vacina BCG, sigla decorrente da expressão bacilo de Calmette-Guërin, e preparada a partir de uma cepa derivada do M. bovis, atenuada por sucessivas passagens através de meio de cultura. A vacina BCG confere poder protetor as formas graves de Tuberculose, decorrentes da primoinfecção. No Brasil, e prioritariamente indicada para as crianças de 0 a 4 anos de idade, sendo obrigatória para menores de um ano, como dispõe a Portaria n° 452, de 6 de dezembro de 1976, do Ministério da Saúde. Recomenda-se o adiamento da aplicação da vacina, nos seguintes casos: peso ao nascer inferior a 2kg; reações dermatológicas na área de aplicação; doenças graves; uso de drogas imunossupressoras. Ha contraindicação absoluta para aplicar a vacina BCG nos portadores de imunodeficiências congênitas ou adquiridas, exceto recém-nascidos e crianças soropositivas para HIV, ou filhos de mães com aids, que não apresentem os sintomas da doença. Os adultos infectados pelo HIV (sintomáticos ou assintomáticos), não deverão ser vacinados se apresentarem contagem de linfócitos T (CD4+) abaixo de 200 células/mm3.

Tratamento preventivo da Tuberculose – Nesta edição estaremos adotando o termo tratamento da infecção latente em substituição ao termo genérico quimioprofilaxia.
Prevenção da infecção latente ou quimioprofilaxia primária - Recomenda-se a prevenção da infecção tuberculosa em recém-nascidos coabitantes de caso índice bacilífero. Nestes casos, o recém-nascido não devera ser vacinado ao nascer. A Isoniazida (H) e administrada por três meses e, apos esse periodo, faz-se a prova tuberculínica. Se a criança tiver PT =5mm, a quimioprofilaxia deve ser mantida por mais três meses; caso contrario, interrompe-se o uso da Isoniazida e vacina-se com BCG.
Tratamento da infecção latente ou quimioprofilaxia secundária – O tratamento da infecção latente com isoniazida reduz em 60 a 90% o risco de adoecimento. Esta variação se deve a duração e a adesão ao tratamento. O numero de doses tomadas tem se revelado mais importante do que o uso diário do medicamento. Portanto, mesmo que o indivíduo não use a H todos os dias, e importante insistir para que complete o numero de doses do tratamento, mesmo depois de decorrido o tempo pré-estabelecido pelo médico. O numero mínimo de doses preconizadas e de 180 (podendo ser tomado num periodo entre 6 e 9 meses).
Fármaco utilizado
     Isoniazida - Na dose de 5 a 10 mg/kg de peso, ate a dose máxima de 300 mg/dia.
Indicações - A indicação do uso da H para tratamento da ILTB depende de três fatores: a idade, a probabilidade de infecção latente e o risco de adoecimento.
Em adultos e adolescentes - Em adultos e adolescentes (>10 anos) com infecção latente por M. tuberculosis, a relação risco-beneficio do tratamento com H deve ser avaliada. A idade e um dos fatores de risco para hepatoxicidade pela isoniazida. Pelo elevado risco de hepatoxicidade e reduzido risco acumulado de adoecimento, recomenda-se:

     Mais de 65 anos apenas em caso de alto risco de adoecimento.
     Idade entre 50 e 65 anos devem ser tratados em caso de risco moderado ou alto.
     Menos de 50 anos devem ser tratados em caso de risco leve, moderado ou alto.

Quadro 48. Risco relativo estimado de adoecimento entre indivíduos com infecção latente por M. tuberculosis
Alto riscoRisco relativo estimado
Aidsa110-170
HIVa50-110
Transplantados em terapia imunossupressora20-74
Silicose30
Insuficiência renal em diálise10-25
Neoplasia de cabeça e pescoço16
Contatos15
Infecção latente adquirida recentemente (há menos de 2 anos)15
Alterações radiológicas fibróticas sugestivas de sequela de TB6-19
Uso de inibidores do TNF-a1,7-9
Indígenas5,8-22
Risco moderadoRisco relativo estimado
Uso de corticosteroides (> 15 mg de prednisona por >1 mês)4,9
Diabetes mellitus2-3,6
Crianças que adquiriram infecção latente até os 4 anos2,2-5
Risco leveRisco relativo estimado
Baixo peso (<85% do peso ideal)2-3
Tabagistas (1 maço/dia)2-3
Calcificação isolada (sem fibrose) na radiografia2
Referência (risco muito baixo)Risco relativo estimado
Indivíduo com ILTB sem fatores de risco e radiografia de tórax normal1

     Radiografia de tórax normal e:
-      PT = 5mm;
-      contatos intradomiciliares ou institucionais de pacientes bacilíferos independentemente da PT;
-      PT < 5 mm com registro documental de ter tido PT = 5mm e não submetido a tratamento ou quimioprofilaxia na ocasião.

     Radiografia de tórax anormal
-      presença de cicatriz radiológica de TB sem tratamento anterior (afastada possibilidade de TB ativa através de exames de escarro, radiografias anteriores e se necessário, TC de tórax), independentemente do resultado da PT.

Educação em Saúde - Além das medidas descritas acima, e necessário esclarecer a comunidade, quanto aos aspectos importantes da doença, sua transmissão, prevenção e tratamento. O desconhecimento leva a discriminação do doente, no âmbito familiar e profissional. O afastamento compulsório do trabalho contribui para o agravamento do sofrimento do paciente.

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